Língua Portuguesa – 2º Ano do Ensino Médio – Profª Luza Mai
Objetivos: Compreender a importância dos adjetivos para a caracterização dos personagens nos textos narrativos; Refletir sobre os conflitos de gerações e perceber a necessidade de desenvolver a paciência e a tolerância para com os idosos.
ANÁLISE DO CURTAMETRAGEM “A CARTA”
1- Que tipo de narrador aparece no filme?
2- Caracterize a personagem do filme (física e psicologicamente).
3- Que tipo de sentimentos esse vídeo desperta em você?
4- Resuma o conteúdo do filme utilizando somente substantivos.
Tem horror a criança. Solenemente, faz queixa do bisneto, que lhe sumiu com a palha de cigarro,para vingar-se de seus ralhos intempestivos. Menino é bicho ruim, comenta. Ao chegar o avô, era terno e até meloso, mas a idade o torna coriáceo.
No trocar de roupa, atira no chão as peças usadas. Alguém as recolhe à cesta, para
lavar. Ele suspeita que pretendem subtraí-las, vai à cesta, vasculha, retira o que é seu, lava-o, passa-o. Mal, naturalmente.
– Da próxima vez que ele vier, diz a nora, terei de fechar o registro, para evitar que ele desperdice água.
Espanta-se com os direitos concedidos às empregadas. Onde já se viu? Isso aqui é o paraíso das criadas. A patroa acorda cedo para despertar a cozinheira. Ele se levanta mais cedo ainda, e vai acordar a dona de casa:
– Acorda, sua mandriona, o dia já clareou!
As empregadas reagem contra a tirania, despedem-se. E sem empregadas, sua presença ainda é mais terrível.
As netas adolescentes recebem amigos. Um deles, o pintor, foi acometido de mal
súbito e teve de deitar-se na cama de uma das garotas. Indignação: Que pouca-vergonha é essa? Esse bandalho aí conspurcando o leito de uma virgem? Ou quem sabe se nem é mais virgem?
– Vovô, o senhor é um monstro!
E é um custo impedir que ele escaramuce o doente para fora de casa.
– A senhora deixa suas filhas irem ao baile sozinhas com rapazes? Diga, a
senhora deixa?
– Não vão sozinhas, vão com os rapazes.
– Pior ainda! Muito pior! A obrigação dos pais é acompanhar as filhas a tudo
quanto é festa.
– Papai, a gente nem pode entrar lá com as meninas. É coisa de brotos.
– É, não é? Pois me dá depressa o chapéu para eu ir lá dizer poucas e boas!
Não se sabe o que fazer dele. Que fim se pode dar a velhos implicantes? O jeito é
guardá-lo por três meses e deixá-lo ir para outra casa, brigado. Mais três meses, e nova
mudança, nas mesmas condições. O velho é duro:
– Vocês me deixam esbodegado, vocês são insuportáveis! – queixa-se ao sair.
Mas volta.
– Descobri que paciência é uma forma de amor – diz-me uma das filhas, sorrindo.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Retrato de velho. In A bolsa & a vida. Rio de Janeiro, 1962. p. 207-209.
Embora cada vez mais se tome o conto pela crônica, sobretudo quando esta é narrativa, podemos dizer com firmeza que temos aqui uma crônica: uma composição curta, voltada para os acontecimentos do cotidiano, que pode contar uma história, tecer comentários sociais ou políticos, ou ainda apresentar um conteúdo lírico, poético, apresentando a emoção do autor diante de certo acontecimento. Muitas vezes, a crônica tem um tom de humor. Todas essas características têm a ver com o fato de a crônica aparecer inicialmente em jornais e revistas. A crônica que você leu é uma narrativa. Você vai estudar mais tarde o gênero chamado narrativa ficcional. Por ora, basta lembrar que a narrativa se caracteriza por contar uma história, por meio de um narrador, sobre personagens(humanos, animais, imaginários) que vivem os acontecimentos desenrolados num espaço e num tempo. O narrador, que conta a história, pode ser personagem dela, ou pode ser apenas observador dos fatos. Como narrador-personagem, ele conta a história em primeira pessoa (eu, nós); como narrador-observador, a narrativa é feita em terceira pessoa (ele, ela, eles).
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) , mineiro de Itabira, é considerado
nosso maior poeta, mas tem uma importante obra como cronista e contista. Em sua
vasta obra, privilegiou a observação do cotidiano e das personagens simples e con-
sideradas parte das minorias. Daí sua enorme simpatia pelas crianças, que soube
retratar como poucos, pelos funcionários sem graduação, pelos transeuntes. Entre
suas obras líricas, estão: Rosa do povo, Sentimento do mundo, Boitempo, Lição de
coisas. Entre seus livros de crônicas, destacam-se: O poder ultra-jovem, Fala, amendoeira, A bolsa & a vida, Cadeira de balanço. Livros de contos: Contos plausíveis e Contos de aprendiz.
Atividades
Palavras que caracterizam os seres | Substantivos a que se referem |
1 – Que tipo de narrador aparece nessa crônica e em que pessoa a narrativa se constrói?
2 – A personagem principal, aqui, tem seu “retrato” minuciosamente feito pelo narrador.
Mas ele usa de dois procedimentos diferentes:
a) ele mesmo, narrador, ou outra personagem, apresenta as características do
pai/sogro/avô;
b) as atitudes e falas do velho falam por si, completam o retrato feito pelos outros.
Indique abaixo passagens que exemplifiquem os dois procedimentos.
a)______________________________________________________________
b)______________________________________________________________
c) Que sentimentos das pessoas para com esse velho ficam evidenciados no texto?
Cena de jardim
• Rede traiçoeira Teimoso girassol
• na linda roseira olhando sempre o sol
• aranha deixou. nem a cena notou.
• Joaninha faceira Moroso caracol
• ligeira, brejeira nem sol, nem girassol,
• na rede pousou caracolando olhou.
Ligeiro passarinho
de bico bem fininho
a teia desmanchou.
DIAS, Iêda. Canção da menina descalça
• As palavras variáveis que modificam os substantivos, atribuindo-lhes certas características valorativas (subjetivas) ou descritivas (objetivas), como qualidades, defeitos, estado, modo de ser ou aspecto, chamam-se:
• ADJETIVOS: AD = junto a
Assim, no poema, os seres apresentam:
• Defeitos : traiçoeira, teimoso
• Qualidades: linda, faceira
• Modos de ser: ligeira, brejeira, moroso
• Aspecto: fininho
CLASSIFICAÇÃO DO ADJETIVO
• ADJETIVOS PÁTRIOS ou GENTÍLICOS
• Obs: Se o adjetivo pátrio for composto, indicando dupla nacionalidade, costuma-se usar o adjetivo mais curto antes. Esse adjetivo, em geral, apresenta uma forma reduzida e culta. Observe:
• Consulado luso-brasileiro, cantora ítalo-inglesa
• Quanto à forma, os adjetivos classificam-se em:
• Primitivo: azul x Derivado: azulado
• Simples: azul x Composto: azul-marinho
• Pátrio ou gentílico: carioca, gaúcho...
LOCUÇÃO ADJETIVA
• Nariz de vidro = vítreo
• Região de floresta = florestal
• Viagem de avião = aérea
• Tônico de cabelo = capilar
• Dor de garganta = gutural
• Barra de chumbo = plúmbea
• Locução adjetiva é uma expressão que caracteriza um substantivo e que tem o valor de um adjetivo pelo qual pode ser substituída. É formada por uma preposição e um substantivo.
O adjetivo flexiona-se em:
Gênero: masculino/feminino
Número: singular/plural
Grau: comparativo/superlativo
Flexão de gênero:
• O adjetivo concorda com o substantivo em gênero e número
• Em gênero, o adjetivo pode ser:
• UNIFORME
• BIFORME
• UNIFORME: Ele é gentil.
• Ela é gentil.
• BIFORME: Ele é bonito.
• Ela é bonita.
Adjetivos biformes
• Linda (s) roseira (s)
• adj. Subst.
• Teimoso (s) girassol(óis)
• adj. Subst.
• O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo ao qual se refere.
Plural dos adjetivos compostos:
• Colcha azul-clara – Colchas azul-claras
• adj.+ adj. adj. + adj.
• Somente o último elemento varia.
• Exceções: surdo-mudo/ surdos-mudos
• azul-marinho/ azul-celeste e
• ultravioleta são invariáveis.
• Meia cinza – chumbo
• adj. + subst.
• Tecido azul – piscina
• adj. + subst.
• Ficam invariáveis.
• Obs.: Ficam invariáveis também os adjetivos compostos formados por cor+de+substantivo ou substantivos empregados como adjetivos, que fazem referência a cores:
• Lenços cor-de-rosa / gravatas creme
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