quarta-feira, 20 de abril de 2011

MODELO DE ROTEIRO DE PROGRAMAÇÃO

Produção de um programa de rádio
Passo 1:  Forme um grupo, com três ou quatro colegas, porque rádio é trabalho de equipe, para fazer a atividade.
Passo 2: De comum acordo com o grupo defina os assuntos, músicas e falas que deseja ter no programa.
·        Título do Programa: “Grandes Vultos da Literatura” (Nesta semana Kahlil Gibrand – subtítulo: “As Cartas de Amor do profeta”)
·        Estrutura do programa: O programa será exibido diariamente das 20h às 21h, onde durante uma semana será divulgada a vida e o trabalho de um grande escritor;
·        Material a ser divulgado: Biografias, textos e poesias desses autores;
·        Espaço musical: entre um texto e outro é colocada uma música referente à época e ao tema tratado no dia;
·        Público alvo: estudantes, universitários, professores, pessoas em geral interessadas em literatura;
Passo 3: Estabeleça a duração do programa, lembre que no rádio cada segundo representa muito tempo, entre 5 e dez minutos.
           O programa “As Cartas de Amor do Profeta”será exibido de segunda a sexta e terá a duração de uma hora; será parte do programa “Grandes Vultos da Literatura”, que acontece diariamente das 20h às 21h.
PS*  Optamos por apresentar  5 minutos do programa.
Passo 4: Elabore um roteiro de programa de rádio seguindo a orientação fornecida durante as aulas.
           DESENVOLVIMENTO:
        “As cartas de Amor do Profeta” terá início às 20h do dia 27/08/2010. Abaixo fizemos a transcrição do que será veiculado durante 5 min do programa.
Para que este programa fosse ao ar foi necessário tomarmos algumas providências:
·        Primeiro foi preciso fazer um levantamento das informações vinculadas na internet a respeito do poeta da semana “Gibrand” – biografia, textos e poemas.
·        A seleção dos materiais pesquisados que seriam utilizados nesses 5 minutos.
·        Depois foi a busca de canções que pudessem ter alguma relação com o tema tratado nos textos que seriam divulgados;
·        Elaboração e redação do ROTEIRO do programa;
·        Escolha do LOCUTOR.
          
ROTEIRO DO PROGRAMA:
20h 00 – Abertura - Toca a vinheta (O ÚLTIMO ROMÂNTICO - Lulu Santos, Antônio Cícero e Sérgio Souza)
Locutor 1 – Nádia Pereira de Lima
               Estamos aqui para mais um programa da série “Grandes Vultos da Literatura; um programa que traz poesia, música, emoção e cultura para o seu dia. Nesta semana vamos conh.ecer fragmentos das cartas escritas pelo poeta Kahlil Gibrand à Mary Haskel,  que fazem parte do livro Cartas de amor do profeta.
20h 02 – 1ª Carta do poeta a Mary
                (Leitura da carta pelo locutor 2 – Rejane Steigleder)
               “Eu fui tocado pela sua presença desde a primeira vez que a vi; foi numa exposição de meus desenhos, no estúdio do Sr. Day. Você estava usando algo de prata em torno do pescoço, e aproximou-se de mim, perguntando: “Será que eu posso exibir alguns destes quadros na escola onde leciono?” Eu concordei; e na medida em que conversávamos, sentia-me melhor e melhor. Quando fui pela primeira vez até a sua cãs, senti que a atmosfera do lugar – os livros, a maneira de arrumar a casa – tinha uma profunda identificação comigo. Gostei da maneira como conversamos, e do jeito suave com que você me fez falar de mim mesmo. Você me fez muitas perguntas, e algumas vezes me senti encabulado; mas, graças ao seu espírito e inteligência, terminei contando tudo que queria saber. As outras pessoas me acham interessante. Elas gostam de me ver falar, porque sou uma pessoa diferente. Para elas não passo de um divertimento, que logo será esquecido quando algo mais curioso aparecer. Você, entretanto, foi capaz de arrancar o que havia de profundo em mim, sentimentos que raramente compartilhei com alguém. Isso foi ótimo e continua sendo.”
20h 04 – Poesia: “Começar a Entender”
LOCUTOR 1 – Nádia Pereira de Lima: Voacabou de ouvir a primeira carta de Gibrand a Mary. Agora, nós vamos ouvir um poema escrito pelo poeta chamado “Começar a Entender”.
LOCUTOR 3– Luza Mai Marques Seckler
“Queria de sua alma ser o pacificador/ e transformar a discórdia e a rivalidade de seus princípios/ em unidade e harmonia./ Mas, como posso fazê-lo, se não está você mesma/ a apaziguar, ou por outra, a amar todos os seus elementos?
O mundo que se agita dentro de você/ é seu coração; ele é o próprio mundo.../
Se um ser humano aceita a si mesmo ,/ deixa de ser o seu próprio obstáculo./ Ninguém pode me amar se não sou eu mesmo./ Tudo pode ser feito de modo que o outro seja feliz./ o que o outro quer de mim é compreensão e participação:/ ver que eu sei o que está atravessando/ e que me importo; ver que compreendo./ Receber o que se deseja dar é talvez o ato mais generoso que se possa ter.”
20h 07 - Encerramento
Passo 5: Agora grave o programa e prepare-se para publicá-lo na web ou veicular na rádiopátio que você verá na próxima etapa.
Passo 6: Disponibilize o endereço do programa ou o próprio compactado na atividade.
LOCUTOR 1 – Nádia Pereira de Lima: Antes de encerrarmos mais uma edição do Programa “Grandes Vultos da Literatura”, vamos conhecer melhor nosso poeta de hoje.
Quem foi Kahlil Gibran?
Seu nome completo é Gibran Kahlil Gibran. Assim assinava em árabe. Em inglês, preferiu a forma reduzida e ligeiramente modificada de Khalil Gibran. É mais comumente conhecido sob o simples nome de Gibran.
1883 - Nasceu em 6 de janeiro, em Bsharri, nas montanhas do Líbano, a uma pequena distância dos cedros milenares. Tinha oito anos quando, um dia, um temporal se abate sobre sua cidade. Gibran olha, fascinado, para a natureza em fúria e, estando sua mãe ocupada, abre a porta e sai a correr com os ventos.
Quando a mãe, apavorada, o alcança e repreende, ele lhe responde com todo o ardor de suas paixões nascentes: "Mas, mamãe, eu gosto das tempestades. Gosto delas. Gosto!" (Um de seus livros em árabe será intitulado Temporais).
1894 - Emigra para os Estados Unidos, com a mãe, o irmão Pedro e as duas irmãs Mariana e Sultane. Vão morar em Boston. O pai permanece em Bsharri.
1898/1902 - Vota ao Líbano para completar seus estudos árabes. Matricula-se no Colégio da Sabedoria, em Beirute. Ao diretor, que procura acalmar sua ambição impaciente, dizendo-lhe que uma escada deve ser galgada degrau por degrau, Gibran responde: "Mas as águias não usam escadas!"
1902/1908 - De novo em Boston. Sua mãe e seu irmão morrem em 1903. Gibran escreve poemas e meditações para Al-Muhajer (O Emigrante), jornal árabe publicado em Boston. Seu estilo novo, cheio de música, imagens e símbolos, atrai-lhe a atenção do Mundo Árabe. Desenha e pinta numa arte mística que lhe é própria. Uma exposição de seus primeiros quadros desperta o interesse de uma diretora de escola americana, Mary Haskell, que lhe oferece custear seus estudos artísticos em Paris.
1908/1910 - Em Paris. Estuda na Académie Julien. Trabalha freneticamente. Freqüenta museus, exposições, bibliotecas. Conhece Auguste Rodin. Uma de suas telas é escolhida para a Exposição das Belas-Artes de 1910. Nesse ínterim, morrem seu pai e sua irmã Sultane. 1910 - Volta a Boston e, no mesmo ano, muda-se para Nova York, onde permanecerá até o fim da vida. Mora só, num apartamento sóbrio que ele e seus amigos chamam  As-Saumaa (O Eremitério). Mariana, sua irmã, permanece em Boston. Em Nova York, Gibran reúne em volta de si uma plêiade de escritores libaneses e sírios que, embora estabelecidos nos Estados Unidos, escrevem em árabe com idênticos anseios de renovação. O grupo forma uma academia literária que se intitula Ar-Rabita Al-Kalamia (A Liga Literária), e que muito contribuiu para o renascimento das letras árabes. Seus porta-vozes foram, sucessivamente, duas revistas árabes editadas em Nova York: Al-Funun (As Artes) e As-Saieh (O Errante).
1905/1920 - Gibran escreve quase que exclusivamente em árabe e publica sete livros nessa língua: 1905, A Música; 1906, As Ninfas do Vale; 1908, Espíritos Rebeldes; 1912, Asas Partidas; 1914, Uma Lágrima e um Sorriso; 1919, A Procissão; 1920, Temporais. (Após sua morte, será publicado u m oitavo livro, sob o título de Curiosidades e Belezas, composto de artigos e histórias já aparecidas em outros livros e de algumas páginas inéditas).
1918/1931 - Gibran deixa, pouco a pouco, de escrever em árabe e dedica-se ao inglês, no qual produz também oito livros: 1918, O Louco; 1920, O Precursor; 1923, O Profeta; 1927, Areia e Espuma; 1928, Jesus, o Filho do Homem; 1931, Os Deuses da Terra. (Após sua morte serão publicados mais dois: 1932, O Errante; 1933, O Jardim do Profeta.) Todos os livros em inglês de Gibran foram lançados por Alfred A. Knopf, dinâmico editor norte-americano com inclinação para descobrir e lançar novos talentos. Ao mesmo tempo em que escreve, Gibran se dedica a desenhar e pintar. Sua arte, inspirada pelo mesmo idealismo que lhe inspirou os livros, distingue-se pela beleza e a pureza das formas. Todos os seus livros em inglês foram por ele ilustrados com desenhos evocativos e místicos, de interpretação às vezes difícil, mas de profunda inspiração. Seus quadros foram expostos várias vezes com êxito em Boston e Nova York. Seus desenhos de personalidades históricas são também célebres.
1931 - Gibran morre em 10 de abril, no Hospital São Vicente, em Nova York, no decorrer de uma crise pulmonar que o deixara inconsciente. 


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Substantivo - Poema: Operário em Construção

O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO (FRAGMENTO)

                                Vinícios de Morais


 


E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
- Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
- Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
- "Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.

1)       Destaque uma passagem da poesia em que fica clara a definição de substantivo: “palavra que nomeia os seres”.
2)       Aponte todos os substantivos presentes no texto.
3)       Aponte um substantivo abstrato presente no texto.
4)       Dê o plural de pão e caldeirão.
5)       Qual é o único substantivo presente no texto que admite flexão de gênero? Ele é biforme ou uniforme?
6)       Como a língua portuguesa, da mesma forma que outras línguas vivas, é dinâmica, ativa, algumas palavras ganham um novo significado. Por exemplo, folhinha deixou de ser apenas “uma folha pequena” e passou a designar certo tipo de calendário. Aponte, no texto, um substantivo que passou por semelhante fenômeno.
7)       No texto, só aparecem substantivos simples. Escolha um deles e forme um substantivo composto.